mantendo o monotema por aqui, começo falando que terminei um relacionamento recentemente. nesse processo, baixei o Tinder e o Bumble para conhecer pessoas. moro numa cidade que acredito que pode ser considerada uma cidade grande. pelo menos da o nome de uma região metropolitana, é alguma coisa, né? mesmo assim, nesses últimos 5 anos, têm sido difícil conhecer pessoas, criar círculos de amizades e conexões. infelizmente, minha fonte de interação social era minha ex (pouco saudável, eu sei).
Nessas semanas no Tinder, colecionei matches. sim, colecionei. tem 84 matches parados lá sem ninguém mandar mensagem. alguns viraram conversa, um virou date (ruim), dois foram pro Instagram. desses dois um sumiu e o outro marcou um date e desmarcou em cima da hora. no Bumble foram poucos matches, 3 conversas, um date (bom).
no começo, optei por deixar só visível para mulheres. mas sempre aparece uns homens gato pingado, principalmente no Tinder, não sei por que. e aí nessa coisa toda que eu venho enfrentando (e que resultou no seguinte texto) acabei deixando visível para homens também. trago aqui algumas ponderações sobre como tem sido conhecer homens.
primeiramente, gostaria de comentar: como eles são fraquinhos de bio. sempre a mesma coisa: sou tranquilo, sou feio mas compenso no humor, gosto de trilhas e academia, praia e cerveja, faço piada ruim, humor duvidoso, juro que sou engraçado. pouquíssimos demonstram algum tipo de personalidade. porém, a maioria das conversas que migraram pro Instagram foram com homens. sinto que as mulheres só vão pra frente se eu fizer muita força e não estou com essa energia no momento.
aí vem a outra questão: os papos no Instagram. se eu ganhasse 1 real pra cada doido que acaba de alguma forma no assunto “mandar nudes” e eventualmente começa a falar sobre tamanho e grossura do próprio pau, eu teria 2 reais, o que não é muito mas me assusta um pouco ter acontecido duas vezes, considerando que eu conversei com uns 4 caras só.
a questão que quero levantar aqui é: alguém ainda usa esse tipo de app pra conhecer gente? isso funciona? é muito chato toda vez ter que ficar respondendo “sim moro aqui há x anos, não, não sou da cidade, sim trabalho com y, não, não conheço tal lugar” porra!!! insuportável. e muitos dos matches também rendem meia dúzia de mensagens trocadas e morrem. que serviço de corno isso de conhecer pessoas pela internet.
falando dos dates, um foi muito bom mas uns 2 dias depois eu mandei mensagem e ele respondeu com “e aí mano”, uma resposta meio morna e depois sumiu. o outro a gente conversou horrores na dm, nosso humor parecia ter batido muito, a gente gostava das mesmas músicas, via as mesmas séries, e os mesmos filmes e tudo parecia ótimo. mas pessoalmente não rolou. foram 2 “icks”, como dizem os jovens. ele é mais baixo que eu e tinhas as unhas grandes. não grandes tipo, acrigel, grandes tipo não cortadas. não consegui fingir normalidade depois disso. com o desenrolar do papo também notei a incrível personalidade homem genérico de 30 anos. no final do rolê ele me deixou em casa e na hora de dar tchau ficou meio na dúvida se me beijava o não. aí foi aquela coisa desconfortável, porque eu desviei muito do beijo e só dei um beijinho na bochecha e vazei. foi horrível. ele nem mandou mais nada depois, coitado.
a reclamação do dia então é a seguinte: tem sido horrível ser solteira. vira e mexe me pego DESESPERADA que talvez essa seja a minha vida daqui pra frente: dates bons e ruins, ghosting, a mesma conversa over and over com várias pessoas. “ah, pois adote o celibato e deixe isso pra lá” você poderia me aconselhar. pois não quero. eu quero beijar na boca!!! só que não tenho a rede de apoio de amigas solteiras pra ir pra balada, pra apresentar a amiga da amiga, o amigo do trabalho, etc. sou eu e meu Tinder contra o mundo.
não posso deixar de fantasiar com uma vida de solteira à la Sex and the City, uma coisa meio “tenho trinta anos, moro de aluguel numa grande metrópole and i’m loving it”. mas tá difícil. bem difícil. ainda mais nesse período de fim de ano, em que parece que tudo está meio travado esperando o próximo ano começar pra se resolver. e aí eu acabo com essa sensação também: ano que vem as coisas serão diferentes, serão melhores, vão dar certo e eu vou conseguir aproveitar mais.
outra coisa que alimenta essa minha paranoia são os relatos de solteiras no tiktok, tanto héteras quanto lésbicas. essa vida de date parece um pesadelo! óbvio, elas sempre contam os dates ruins já que dá engajamento, né. aí parece que só tem date ruim. e como tem date as queridas. já vi vários vídeos das mesmas pessoas, são várias histórias. fico me perguntando como tem energia pra sair com tanta gente, passar por tanto desconforto e seguir tentando. será se eu vou ter essa energia? outra vertente dos vídeos apavorantes das solteiras nesse final de ano são as retrospectivas de dates. se a querida saiu com 20 pessoas, 10 viraram segundo date, resultou em 6 ghostings e 3 bloqueados eu fico apavorada porque é mais de um date por mês. parece muito. por outro lado, uma querida que saiu com 6 caras, sendo 4 reaproveitamento de 2023, 2 terminaram o ano bloqueados. aí parece muito pouco também, não conheceu muita gente né? enfim, nada tá bom.
a grande questão pra mim é que nunca fiquei tão solteira na vida. dos 13 aos 16 eu tinha um carinha que a gente não namorava, mas vivia se pegando. dos 16 aos 19 eu namorei um cara. com 19 eu fiquei uns 6 meses oficialmente solteira, mas já estava ficando com quem viria a ser minha primeira ex namorada. aí dos 20 aos 23 eu namorei e depois fiquei mais uns 6 meses solteira, mas eram os 6 primeiros meses da pandemia e eu logo comecei a ficar com a minha ex e a gente meio que casou depois disso. então eu nunca soube estar solteira de verdade, porque sempre tinha algum contatinho engatilhado. e agora eu não tenho nada.
eu tive um sonho recentemente que uma entidade me mostrava uma carta de tarô. a carta em questão era O Mundo. apesar de não ter nenhuma religião, fiquei impactadíssima. entidade ou meu subconsciente, tinha alguém me mandando a mensagem de que estamos encerrando um ciclo por aqui e que vem coisa nova. O Mundo é uma carta positiva, é coisa boa, é o fim de algo mas também é o começo. meu primeiro instinto foi pensar no fim do relacionamento, mas acho que a jornada em questão é maior que essa. tenho sentido uma energia de renascimento, mesmo. uma coisa de me reinventar. de ser solteira, sim, mas também de trocar de emprego, de mudar minha aparência, mudar de cidade, me aproximar da minha mãe. todo clichê só é um clichê porque acontece com todo mundo, e eu sinto que caí no clichê de recém separada de “preciso focar em mim e descobrir quem eu sou sozinha”.
ser sozinha tudo bem, estou disposta. mas queria ter um carinho, um beijo na boca, uma safadeza durante o percurso, sabe? será se é pedir demais?
Aparentemente, sim, é pedir demais.
Digo porque estou há 5 anos solteira kkk